O sofrimento com a própria imagem
Por pressão da sociedade, pessoas acabam desenvolvendo Síndrome Dismórfica e enxergam o corpo de forma distorcida
O Transtorno Dismórfico Corporal, também conhecido como Síndrome Dismórfica é um diagnóstico que define o indivíduo com uma intensa preocupação sobre algum defeito físico ou imaginário. Este transtorno foi descoberto pela primeira vez com o nome de dismorfofobia, e só passou a ser realmente considerado como um transtorno a partir de 1980, quando foi reconhecido no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais pela Associação Americana de Psiquiatria.
As pessoas que sofrem com este transtorno são consideradas vaidosas por pessoas que não entendem as causas da doença, pois elas sentem constantemente que há de fato algo errado com sua aparência, sendo ela corporal ou facial, e gastam excessivamente muito tempo e dinheiro para conseguir mudar isto e se sentir satisfeitos.
Este problema afeta tanto o sexo feminino como o masculino, porém os casos mais notórios são de mulheres que não estão satisfeitas com partes no corpo, como por exemplo: braços, pernas, barriga, seios e glúteos. Em alguns casos, essas pessoas acreditam ter algum problema na face, como nariz, olhos, boca etc.
É importante notar que esta disfunção é fortemente influenciada pelo padrão de beleza imposto pela mídia, que é muito recorrente e intimidador para alguns. “As redes sociais, consequentemente, têm um peso razoável, pois nelas encontramos a maior parte da personificação do corpo perfeito e ideal segundo os padrões sociais e culturais em que estamos inseridos. Essa ilusão de busca pela perfeição, pode gerar graves consequências para aqueles que não lidam bem com suas características físicas próprias, que possuem baixa auto-estima. As pessoas têm dificuldade em se desprender dessa busca pelo perfeito, afinal isto nos é imposto desde cedo pelas mídias”, diz a graduada em Psicologia Jacqueline Soave.
As vítimas deste transtorno se sentem excluídas da sociedade, pois muitos interpretam esta situação como dramatização e não entendem como o diagnosticado realmente se sente. Uma outra característica pode ser o isolamento social, o medo de pedir ajuda e de ser ridicularizado.
Geralmente em homens este distúrbio é mais caracterizado como Dismorfia Muscular, que já foi considerado como Anorexia Reversa, na qual o indivíduo, geralmente jovem, passa muito tempo se exercitando, gasta horas do dia na academia, se preocupa com questões de dietas e produz uma rotina com muitos exercícios físicos que tem como objetivo principal o aumento da massa muscular. Embora seu corpo seja extremamente musculoso, os indivíduos possuem a percepção de que é pequeno e insuficientemente desenvolvido. As vítimas também sentem muita dificuldade em pedir ajuda e consomem excesso de anabolizantes e esteróides para o aumento de massa muscular.
O fato mais desafiante neste contexto é que os indivíduos cheguem ao tratamento, uma vez que nem sempre buscam ajuda. Em seguida, é necessário ter acesso ao diagnóstico e vencer a barreira do preconceito. Para que o tratamento dê certo, é importante, ainda, que os profissionais da área da saúde consigam diminuir as preocupações que os indivíduos possuem, a fim de melhorar a percepção de seu próprio corpo e recuperar a autoestima.
Segundo Jacqueline Soave, as pessoas que sofrem deste transtorno também podem ter outros, como ansiedade, fobia social e depressão. A causa envolve um conjunto de fatores, desde predisposição genética, com algumas alterações de neurotransmissores cerebrais, até fatores psicológicos, como sofrimento com bullying no período escolar, pais excessivamente rígidos, baixa autoestima , entre outros.
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