“The Man”: O recente trabalho de Taylor Swift nos leva a reflexão sobre a desigualdade entre gêneros
Ao som de trechos como “Estou cansada de correr / O mais rápido que posso / Me perguntando se eu chegaria mais rápido / Se eu fosse um homem / Você sabe que sim”, a cantora americana Taylor Swift apresenta em seu mais recente trabalho “The Man” (2020), uma reflexão sobre o privilégio masculino na sociedade em que vivemos. Por diversos momentos em sua carreira Taylor foi duramente criticada pela imprensa, inclusive houveram críticas direcionadas até mesmo para quantidade de namorados que já teve.
Referenciando a composição Taylor se caracteriza de homem e vivencia situações nas quais consegue expressar a reflexão de “dois pesos e duas medidas”. Quando se trata de condutas negativas, mal vistas aos olhos da sociedade, há, usualmente, uma forte tendência que aplica isenção aos atos praticados por homens e condenação as mulheres que tomam a mesma atitude. Por exemplo, é comum ver homens andando sem camisa em locais públicos, entretanto, caso uma mulher replique tal atitude, ela será vista de forma negativa, em diversos aspectos, será taxada como fácil ou oferecida, e impreterivelmente será provocada por algum homem, seja para condená-la de forma pejorativa, ou com alguma conotação sexual.
O contraste entre sexos não se restringe ao set de gravação. Segundo o IBGE, a pesquisa “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil” realizada em 2018, analisou as condições de vida das brasileiras. Considerando o rendimento médio por hora trabalhada, as mulheres recebiam menos do que os homens (86,7%). Já em cargos públicos, em 2016, elas ocupavam apenas 37,8% dos cargos gerenciais, tanto no poder público quanto na iniciativa privada, enquanto a porcentagem masculina, resultava em 62,2%.
Uma sociedade estruturada em moldes patriarcais, como a nossa, inclina-se para o caminho de rechaçar as minorias, traçando caminhos fáceis aos diversos tipos de preconceito. Pois, é preferível se manter no poder, portanto não há sentido em buscar entender quem se encontra à margem da estrutura social. O movimento feminista, como tantos outros, tem como seu princípio, reparar as feridas da sociedade, que não estão só em mulheres, o machismo também aflige homens, tornando uma sociedade pensante. Aqueles que não seguem o script de como “ser homem”, são rotulados como fracos, tendo a sua sexualidade colocada em questionamento.
Para nos alegrar, estamos vivenciando a era em que minorias lutam para serem ouvidas e podemos testemunhar suas discussões serem debatidas em diversas plataformas. Hoje, mulheres se dedicam a estudar a origem do machismo enraizado, mobilizam outras mulheres, mobilizam-se a favor de melhores salário, se candidatam a cargos de representação política e criam correntes de sororidade. Tudo para que um dia, o clipe “The man” produzido, dirigido e estrelado por Taylor Swift, tenha apenas o sentido artístico, jamais ultrapassando as câmeras.
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